Lua Blanco: “Descobri a responsabilidade que tenho com os fãs, eles também mudam a minha vida”



De uma família grande, com 5 irmãos, Lua Blanco conta estar morrendo de saudade deles, dos sobrinhos e de toda a família nesta quarentena. “Estou levando um dia de cada vez, mas tem sido bem tranquilo meu tempo em casa”, afirma. No entendimento da atriz, este tem sido um momento de autoconhecimento para todos. E ela só tem uma certeza. “O mundo não será o mesmo quando isso tudo acabar”, avalia ela, também cantora e compositora, uma das participantes de PopStar, em 2018.

Atualmente, Lua pode ser vista na série Homens?, do canal pago Comedy Central Brasil. Na atração criada e protagonizada por Fábio Porchat e que aborda dilemas de quatro amigos na faixa dos 30, a atriz vive Maria, uma mulher descolada e divertida. Ela engata um “rolo” com Alexandre, papel de Porchat. “É a primeira vez que faço algo de humor em uma série. E eu, que fui criada vendo Friends, não poderia estar mais feliz”, conta.

No nosso bate-papo, Lua, de 33 anos, afirma que a chegada dos 30 foi um “evento” em sua vida. Com um séquito de seguidores desde o boom em sua carreira na época de Rebelde, a atriz ressalta que a relação com os fãs é uma via de mão dupla. E que eles também mudam a sua vida.

Acha que todos sairão de alguma forma transformados após a pandemia? Os que estão se propondo a alguma transformação, sim. Acho que este tem sido um tempo para as pessoas lidarem com suas questões, e se entenderem um pouco melhor. Mas uma certeza eu tenho, o mundo não será o mesmo quando isso tudo acabar.

A cultura já estava num momento difícil, sem incentivo, os profissionais do teatro sem trabalho agora, e devem ser os últimos a voltar. Como acha que será essa volta? Ninguém sabe como será essa volta, mas muito está se discutindo conforme avança os estudos sobre o vírus e sua contenção. Mas nada é certo, qualquer opinião agora é palpite.

Como foi para você participar da série Homens? Foi uma experiência agradável, divertida e muito especial. Como peguei o bonde andando, tive que me adaptar rápido ao ritmo da série, mas eu fui muito bem recebida por todos. Sou muito grata pela oportunidade de fazer parte de um projeto tão legal.

Se identifica em algo com a personagem Maria? Sim, ambas somos bem resolvidas com o nosso corpo e com a nossa sexualidade. Maria decide desde o primeiro reencontro que quer o Alexandre e vai atrás, e eu sempre fui muito assim na vida também.

A história fala de quatro amigos na faixa de 30 e poucos anos que não amadurecem e faz críticas a atitudes machistas ainda incrustadas em nossa sociedade. Você acha que os homens estão mudando em relação ao machismo ou não? Eu acho que só o fato de terem começado um diálogo e uma autocrítica é um avanço, mas é só o começo, claro, para conquistarmos uma verdadeira transformação.

A série é uma comédia. Você já tinha se experimentado muito no humor, curte, é algo que quer fazer mais? Eu gosto muito de trabalhar com humor, me sinto à vontade para jogar e exercitar esse meu lado. Já fiz alguns trabalhos do gênero no teatro e no cinema e amei. Mas em série de TV é a primeira vez, e eu, que fui criada vendo Friends, não poderia estar mais feliz.

Você teve um boom na sua carreira em Rebelde. Desde lá, vem se experimentando em várias vertentes, cinema, teatro, musical, além da música, claro. Como vê a sua caminhada, porque não é uma carreira fácil, né? Fui criada em uma família musical por pais músicos e é só o que aprendi a fazer: cantar. Desde cedo era certo que eu cantaria. Por volta dos 20 anos eu descobri a atuação e o teatro e isso abriu um novo leque de possibilidades para mim. Me propus a levar os dois ofícios por amor e por não conseguir excluir um deles. Hora as portas se abriram pra mim, hora fecharam, mas eu continuo grata de ter apostado numa carreira tão aventureira que amo tanto.


Desde Rebelde você viu uma legião de fãs te seguir. Qual o seu entendimento hoje disso tudo, da sua responsabilidade, de ser exemplo, referência, você pensa muito nisso? Alguns anos atrás eu fiz uma campanha de crowdfunding que me aproximou bastante dos meus fãs. Eu entendi melhor quem são e porque ainda me seguem, conheci muitos pessoalmente e eles dividiram comigo suas histórias de vida, suas dores. Descobri que a responsabilidade que tenho com eles é mão dupla, porque eles também mudam a minha vida e me dão coragem de seguir em frente. Sou muito grata por tê-los na minha vida.

Você é uma balzaquiana. Teve alguma crise dos 30, curte essa fase da vida? Fazer 30 foi um evento na minha vida. Tive uma crise monumental pela questão da idade, pela questão de tudo que mudaria, pela questão das pessoas começarem a me chamar de balzaquiana. Mas depois entendi que temos que receber de braços abertos todas as fases da vida, e isso me deu uma acalmada. Vida que segue.

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